Alunos do programa NBA Basketball School vivem experiências únicas em uma das principais cidades do basquete norte-americano
Alexandre Araújo
Da UOL, Rio de Janeiro (RJ)
A NBA Basketball School levou, pela primeira vez, alunos brasileiros para um camp nos Estados Unidos. Dentre eles, está Pedro, um jovem portador do transtorno do espectro autista e teve no basquete uma forma de ampliar os horizontes.
Ao todo, 40 alunos desembarcaram em Cleveland, em ação junto ao Cavaliers, que tem Anderson Varejão como embaixador global.
“É muito lindo! A questão é só que está frio (risos), estou muito animado. Estou ansioso para os jogos e para os treinos”, Pedro, logo que chegou a Cleveland.
O que aconteceu
Pedro, de 14 anos, viajou acompanhado do pai, Eric Costa, que conta que o basquete entrou na vida do filho em meio a uma necessidade de aceitação.
“Ele queria fazer parte de um grupo, ter amigos. Ele não se sentia pertencente à escola. Isso aconteceu na igreja e ele acabou se abrindo, pedindo para fazer basquete, algo que ele amava. Ele tinha medo de não ser aceito. Quando percebeu que o problema não era ele, se permitiu experimentar”.
Adriana Costa, mãe de Pedro, acompanha a aventura de longe e ressalta como o esporte mudou o dia a dia do filho.
“Ele viu que a vida ia além das terapias e que ele podia fazer parte disso. Ele praticamente “perdeu” a infância nas salas dos médicos e terapeutas. A criança autista necessita fazer bastante terapia. Enquanto os típicos estão na pracinha, os atípicos estão nos consultórios”.
Pedro tem uma rotina que envolve escola, terapia e atividades terapêuticas. O basquete, porém, tem grande espaço e já vem tendo reflexos.
“Foi com o basquete que ele passou a se perceber, melhorou a autoestima e a segurança social. Ele se desenvolveu muito nas questões motoras, cognitivas e, principalmente, sociais. Acabou recebendo alta de algumas terapias. Foi um avanço incrível em menos de um ano”, celebra Eric.
O basquete potencializou o sonho de cursar faculdade nos Estados Unidos. O desejo surgiu em uma visita anterior ao país, quando foi à Disney, em Orlando.
“Ele se sentiu muito acolhido em Orlando e, desde então, fala em morar lá. Com o basquete, ele viu que esse sonho é possível. Agora, o foco dele é fazer faculdade nos Estados Unidos. Fica quicando a bola o dia inteiro, para onde vai, leva a bola e diz que tem de treinar para ser aceito em uma faculdade”, brinca o pai.
Passagem pelos Estados Unidos
O grupo de brasileiros vai ter nove dias de treinos e haverá atividades até mesmo no CT do Cavs, e também vão jogar na arena do clube. Além disso, vão a jogos do Cavaliers e do Charge — equipe que compete na G-League. Vai acontecer ainda uma visita a uma escola fundada por Lebron James, que teve duas passagens pelo Cavaliers.
Créditos
Foto: Cleveland Cavaliers